um amor para toda a vida - parte I

estou completamente de rastos . sento-me na cama , e pego nas fotografias que resumem toda a nossa história . os meus olhos, lentamente se tornam um poço em que chega ao seu limite e toda a água é deitada fora. o meu coração é demasiado pequeno para tudo isto . não sei porquê , muito menos quando é que tudo isto foi acontecer. onde será que eu errei ? ninguém me sabe explicar, ninguém me compreende. é assim tão dificil ouvir-me? talvez todas as minhas palavras sejam em vão , talvez tudo aquilo que eu diga seja uma loucura, mas os sentimentos são mesmo assim . depois, é a música que se reproduz no meu computador que me entra pelos ouvidos e me faz chorar ainda mais. era a nossa música . isso podia significar algo . aliás, eu sei que significa. as coisas não podiam ficar assim.. mas não vou fazer nada. vou simplesmente continuar a mesma fraca de sempre . custa-me encarar tudo isto mas lá terá que ser. de repente ouço alguém chamar por mim , era a minha mãe. lá estava ela, frágil mas corajosa . limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto e desci as escadas para saber o que se passava .
- sim mãe?
- está lá fora alguém que quer falar contigo .
o meu coração começou a bater muito rápido , as mãos tremiam, já mal dava para respirar. entretanto achei melhor ir antes que essa pessoa fosse embora depois de tanto esperar.
abri a porta. era ele . estava magro , pálido e mal me viu , sorriu .
- pensava que não vinhas abrir-me a porta. - disse-me .
- pensava que já não te lembravas de mim .
escorreu-lhe uma lágrima pelo rosto . embora o quisesse abraçar sabía que não o podia fazer. tinha de ser forte.
- vá diz-me o que é que vieste cá fazer . - voltei a falar com uma convicção de quem está muito bem .
- vim ver-te .
- depois de tudo ainda vens aqui como se nada fosse?
- olha, eu sei que fui parvo, não devia ter-te mentido, não devia , eu sei . mas não te queria perder.
- se não me quisesses perder não te tinhas iludido com ninguém . esquece, se é para falar disto podes ir embora.  - enquanto isso virei costas e quando ia fechar a porta ele agarrou-me pelo braço e disse :
- anda comigo , por favor .
- porque haveria de ir?
- porque me amas.
- quem te disse a ti que eu te amo?
- os teus olhos . - respondeu-me .
nesse momento fiquei mesmo sem saber o que fazer. mas não ia ficar ali a noite toda a olhar para ele e decidi responder:
- posso amar-te mas não quero voltar a sofrer, por isso mais vale ficar assim .
- marta , eu ainda te amo , eu nunca te menti ao dizeres que eras a minha vida .
- mas mentiste-me quando me disseste que nunca me ias deixar por nada deste mundo .
- foste tu que me deixaste . - disse-me .
- porque tu me obrigaste a fazê-lo . e agora desculpa mas vou subir. tenho uma vida para viver.
fui-me embora e desta vez ele não me agarrou o braço . deixou-me ir . talvez foi uma prova de que ele realmente não me ama assim tanto, porque senão tinha tentado mais uma vez não é? agora já era tarde, não queria pensar muito naquilo, amanhã tinha de continuar a tentar esquece-lo , apesar da minha vontade de voltar a sentir o cheiro do seu perfume ser enorme . amanhã eu decidiria o que devia fazer .
já eram 11h da manhã quando a minha mãe me acordou com a mesma frase "está lá fora alguém que quer falar contigo ." fiquei radiante, ele tinha mesmo vindo atrás de mim novamente. e eu desta vez quero mesmo voltar, eu amo-o tanto! arranjo-me em cinco minutos e desço as escadas a correr. quando abro a porta sinto uma enorme desilusão . não era ele. ele não tinha voltado . era uma senhora vestida de preto, com a cara toda suja por causa das lágrimas que escorriam e lhe tiravam a maquiagem.
- sim , bom dia. quem é a senhora? - perguntei .
- sou a mãe do pedro . 
o meu coração caiu-me aos pés, ontem veio cá ele, hoje vem a mãe. senti medo , senti curiosidade, senti um arrepio que envolveu o corpo todo .
- muito prazer , eu sou a marta como já deve calcular. o que aconteceu?


continua...


texto feito por: isa ferreira.