adictions .

havia demasiadas coisas na minha cabeça, muitas memórias giravam em torno de mim , e eu ficava intacta ao vê-las apenas como isso, memórias . tinha sido tão feliz porém não sabia isso, mas sabia-o agora . como é que tudo mudou de um dia para o outro? não conseguia perceber, como e porquê . que fiz eu para essa mudança ser tão radical ? tinha perdido tudo e não me sentia capaz de o recuperar . precisava de força, mas essa força estava em tudo aquilo , em todos os sonhos que tinham ido por água abaixo. aos poucos , encontrei essa força em vícios , sabia o risco , o poder que esses mesmos vícios tinham , mas eu já tinha perdido tudo, a minha vida era o que me restava porém já nem isso tinha valor . com o tempo, esses vícios tiveram de aumentar, e eu fui conhecendo melhor esse novo mundo . tinha passado um mês, dois meses , e eu já era totalmente dependente daquilo . era como o meu amor verdadeiro , o meu primeiro pensamento do dia . os meus novos amigos, apoiavam-me e diziam que se me ajudava a ser feliz para continuar, porque a vida é curta e temos de a aproveitar . a maior parte das vezes, esses vícios faziam com que eu sorrisse para tudo , para a vida como eu já não sorria à muito tempo, mas por outras vezes, eu ficava calma, sentia-me totalmente em paz e via o mundo dessa maneira . tudo estava bem...aos meus olhos .
um dia, ia na direção de um desses meus amigos para matar o meu vício e começei a ver tudo  desfocado, deixei de ter forças nas pernas e mal conseguia respirar..nesse curto espaço de tempo lembrei-me que um dos sintomas de overdose era um dos que eu estava a sentir : dificuldade em respirar . ao mesmo tempo que caí e bati com a cabeça no chão , caí também na realidade .
só me lembro depois de ter acordado numa cama de hospital com os meus pais a chorarem de desespero , e a perguntarem-me imensas vezes quem é que tinha sido o cobarde que me tinha influenciado a entrar e a viciar-me de tal forma . eu limitei-me a responder com imensa dificuldade :
- aqui, a única cobarde fui eu . fui eu que não consegui levantar a cabeça, fui eu que preferi cruzar os braços e viver da droga para me sentir melhor .
- não digas isso , não digas . eu e o teu pai deviamos ter reparado nisto, mas andavamos demasiado ocupados no trabalho e nem reparamos em como andavas mal . perdoas-nos ?  - disse a minha mãe, entre soluços de choro .
tentei falar, fiz um esforço enorme . no entanto era tarde demais . queria soltar-me e gritar ao mundo , contar a minha história a toda a gente para os prevenir do erro que cometi . doeu tanto quando percebi que era demasiado tarde. tinha tanto para dizer, tanto para fazer, para contar, mas já não dava .percebi também que aquelas pessoas que pareciam querer ajudar-me, foram uma mais valia para o fim . julgava-os meus amigos mas eram tão dependentes daquilo quanto eu . e por mais que quisesse , por mais vontade que tinha de voltar atrás percebi o quanto fui estupida ao julgar que não tinha mais nada a perder, que não havia mais nenhuma saída , foi preciso ter chegado até aqui para ver que perdi o mais importante: a minha vida que nunca mais vou conseguir recuperar (...)


texto feito por : isa ferreira . 

história não verídica. simplesmente tentei passar às pessoas o que penso relativamente à droga : o fim é sempre o mesmo .

começando, dificilmente se termina .